sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Tempo de degradação de materiais descartados no meio ambiente

Os resíduos sólidos de origem urbana, popularmente denominados de lixo, normalmente em muitos países, inclusive no Brasil, são descartados pela maioria da população como materiais inúteis ou inservíveis, apesar de muitos materiais serem potencialmente recicláveis. Aspectos relacionados a renda, clima, cultura, hábitos de consumo, atividade econômica do município, índice de urbanização, localização geográfica, vias de acesso etc, são fatores determinantes na quantidade e qualidade dos produtos consumidos e de resíduos gerados e descartados pelas comunidades. Assim, os materiais descartados como lixo, à exemplo de papel, papelão, plástico, vidro, metais ferrosos e não ferrosos, matéria orgânica,restos de comida, verduras, frutas, apara de grama, poda de árvores, etc, dentre outros materiais, variam quantitativamente e qualitativamente ao longo do ano. De acordo com a composição bioquímica dos resíduos descartados no lixo, há um gradiente de tempo para que ocorra sua degradação no meio ambiente. Muitos livros que tratam desse tema apresentam dados gerais sobre o tempo de degradação, porém, quase sempre a abordagem é feita de forma superficial, sem entretanto, discuti-lo dentro do contexto que o tema requer, a exemplo do Quadro 01 a seguir: Quadro 01: Tempo de Decomposição de Alguns Materiais MATERIAL TEMPO Jornais 2 a 6 semanas Embalagens de Papel 1 a 4 meses Casca de Frutas 3 meses Guardanapos de papel 3 meses Pontas de cigarro 2 anos Fósforo 2 anos Chicletes 5 anos Nylon 30 a 40 anos Sacos e copos plásticos 200 a 450 anos Latas de alumínio 100 a 500 anos Tampas de garrafas 100 a 500 anos Pilhas 100 a 500 anos Garrafas e frascos de vidro ou plástico indeterminado Com o avanço tecnológico, as indústrias se diversificaram e produzem os bens de consumo em escala cada vez maior para atender a demanda de mercado, que atrelado à estrutura do comércio e dos recursos de marketing de vendas, cada vez mais sofisticado para seduzir o consumidor, numa relação direta de causa e efeito, todo esse complexo sistema tem custado um preço considerável para o meio ambiente, face ao significativo aumento na geração de lixo. Na prática, deve-se levar em consideração que há uma estreita inter-relação entre fatores físicos, químicos e biológicos que interferem no processo de degradação dos resíduos, mas, da forma como os dados vêm sendo apresentados em muitas tabelas, muitas vezes não permite essa compreensão. Para melhor entendimento sobre esse tema devemos questionar sob que condições o lixo foi ou está submetido, pois a degradação dos materiais ocorre em função de uma complexa combinação de fatores, tais como, temperatura, pH do meio, teor de umidade, luminosidade, pressão atmosférica, etc. Antes de qualquer avaliação cronológica, tempo que um determinado material leva para degradar-se,, deve-se considerar sob que condições os, resíduos, que compõe o lixo encontra-se: a céu aberto ou enterrado; está numa região como a floresta Amazônica -úmida e quente, ou no deserto de Saara - seca e quente durante o dia e fria à noite; está na terra ou dentro do meio aquático; se dentro do meio aquático, está no água doce - rio, ou na água salgada - mar; está sob águas rasas ou profundas; encontra-se depositado numa região de água mais quente como no litoral nordestino ou em água mais gelada como na Antártida; o lixo está numa região a nível do mar ou está numa região de altitudes elevadas como nos Alpes Suíços; etc. Diante de tantas variáveis, supondo que tomássemos como exemplo o papel, será que o tempo de degradação vai ser o mesmo nos diferentes pontos da terra? Considerando que as condições do meio são tão distintas nos diferentes pontos do planeta, certamente não será difícil concluirmos que não é simples estabelecermos tempo de degradação do material no meio ambiente, pois a interação de fatores interfere na atividade dos microorganismos decompositores. Há determinados produtos que para preservar suas propriedades quanto ao cheiro, cor, sabor, etc, requer envase em embalagens especiais, tipo Tetra Pak, constituído por camadas, tais como plástico, papelão, alumínio. Se por um lado este tipo de embalagem permite que tenhamos alimento preservado por um período mais longo, propiciando inclusive o consumo em período fora da safra, por outro lado considerando a baixa degradabilidade desse tipo de embalagem, é muito elevado o custo ambiental quando é descartado no meio. Apesar da tabela informar que jornais degradam com 2 a 6 semanas, foram encontrados jornais intactos,permitindo inclusive identificar a data que fora impresso, em um aterro sanitário existente nos Estados Unidos, depois de aproximadamente quarenta anos de desativado. Portanto, as condições a que esse material foi submetido, luminosidade, temperatura, umidade, pressão, etc, permitiu que o tempo de degradação não necessariamente ocorresse conforme o tempo descrito na tabela. Cabe então a pergunta: afinal para que servem essas tabelas se na prática os dados referentes ao tempo de degradação são tão discrepantes? Finalmente é fundamental uma reflexão sobre o que estamos descartando como materiais inúteis e/ou indesejáveis, antes mesmo de discutirmos quanto tempo levará esses materiais para degradar-se no meio ambiente. É de fundamental importância pensarmos efetivamente que contribuição podemos dar para que tenhamos um modelo sustentável, ecologicamente equilibrado, contemplando os Rs mágicos: Redução, Reutilização e Reciclagem, permitindo economia de matéria prima e energia. Assim, sugerimos Repensar nosso modelo de consumo e descarte, mudar atitudes e nos levar por caminhos seguros, para essa e para as futuras gerações. Marcos Alves de Magalhães - Doutorando em Engenharia Agrícola pela Universidade Federal de Viçosa ,UFV,na área de Concentração de Recursos Hídricos e Ambientais Publicado no Jornal do Centro Brasileiro para Conservação da Natureza ,CMCN,, ano 08, Nº 37, jan/fev/mar 2001, Viçosa – MG.

Água

O colapso no consumo de energia elétrica serve de alerta para outro problema gravíssimo que não apenas o Brasil, mas o mundo todo tem pela frente: escassez de água. Parece absurdo falar-se em falta de água num país como o nosso, mas é fato real e que dia-a-dia torna-se mais grave. Segundo o Greenpeace (organização não governamental, há trinta anos atuando fortemente nas questões ambientais) que coletou dados junto à ONU (Organização das Nações Unidas) apenas 2,4% da água existente no Planeta é doce. E dessa porcentagem, 8% estão no Brasil. É ótimo sabermos que temos uma porção polpuda dessa reserva mundial, mas, infelizmente, os brasileiros que têm acesso irrestrito à água usam –na indiscriminadamente. Segundo a Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Presidência da República, o Brasil desperdiça o dobro da média de outros países. Muito, mas muito mesmo se pode fazer para reverter-se esse quadro triste. Cada cidade deve tratar na totalidade seu esgoto antes de jogá-lo nos rios, o que não tem sido feito pela maioria delas, inclusive São Paulo, a maior cidade brasileira. As indústrias que consomem grandes quantidades de água podem implantar seus próprios sistemas de tratamento e de reutilização de água, a exemplo do que fizeram a Chevrolet, Coats Corrente. As cidades também podem utilizar o esgoto depois de tratado, como água de reuso, para lavar ruas, irrigar jardins, ou seja, para manter e limpar a cidade, sem precisar utilizar a água potável e tratada. A mesma coisa poderá fazer as grandes empresas, após o tratamento de seu esgoto. Nas residências o gasto pode ser reduzido significativamente na cozinha, utilizando água apenas para enxaguar a louça; no banheiro, ter válvulas de descarga reguláveis, como é o exemplo da Austrália, onde todos os banheiros têm válvulas com dois dispositivos, um para descarga total, e outro para meia descarga. No quintal e áreas de serviços, pode-se aproveitar a água da chuva para se realizar a limpeza. Usar máquinas de lavar louça e de lavar roupa com carga máxima é outro modo de se economizar água. Ao tomar banho ensaboar-se e fazer a barba com o chuveiro ligado é um duplo gasto, ou seja, de água e de energia elétrica, o que acaba por gastar água também, visto que no Brasil a maior parte da geração de eletricidade é realizada por usinas hidroelétricas. Entretanto, é na agricultura onde o desperdício é maior! As técnicas de irrigação devem primar pelo uso racional da água, através de gotejamento, sendo este o meio mais eficiente. Técnicas convencionais de irrigação do tipo canhão ou aspersores, já estão mais que comprovados que gastam muita água e nenhum proveito trazem às plantações. Já os sistemas informatizados “Pivotantes”, devem possuir uma coluna onde, em cada bico, diminua a quantidade de água, e ao mesmo tempo realize o direcionamento sobre as plantas que estão sendo irrigadas, evitando assim, o desperdício de água. Mas o meio mais eficiente é sem qualquer sombra de dúvidas o gotejamento. O agricultor pode calcular a quantidade de água necessária, pé por pé, podendo ainda, introduzir os nutrientes que cada plantação necessitar diretamente na base de cada planta, ocorrendo assim, economia também quanto aos custos com nutrientes. Em qualquer desses casos, o agricultor deve tomar o cuidado zelar pelas instalações, manqueiras, etc., para que não ocorram vazamentos no percurso da água. Os agricultores podem construir reservatórios impermeáveis, realizando a captação de água de chuva. Esse tipo de reservatório é extremamente simples e dependendo da técnica utilizada e da região, pode-se armazenar água para a utilização no ano todo. Os proprietários, arrendatários, possuidores, etc., de propriedade rural, que possuem APP (áreas de preservação permanente), ou seja, nascentes, rios, córregos etc., devem observar e melhor manter preservada uma faixa de pelo menos de 30 a 50 metros, em toda a extensão à beira d’água. Essa faixa é de suma importância, para preservar as nascentes e evitar o aumento da evaporação. Além de se cumprir a Lei. Qualquer pessoa que degradar essa área estará sujeita às penalidades previstas na Lei ambiental, além de responder processo criminal. Importantíssimo observar que se uma pessoa estranha entra em sua propriedade e agride o meio ambiente, cortando madeira, ateando fogo etc., se não for pego em flagrante, provavelmente o proprietário, ou o arrendatário, ou o possuidor daquele imóvel é quem acabará por ser punido tanto pela Lei ambiental quanto por processos criminais e cíveis, conforme o caso. Segundo Délcio Rodrigues, as árvores naturais captam as águas dos lençóis subterrâneos e as levam, em forma de vapores para a atmosfera, formando as nuvens. Esse é um dos motivos pelo qual na região amazônica chove muito. Muito se discutiu e se discute sobre água, mas o encontro mais importante aconteceu no Brasil, a ECO 92, quando foi elaborada uma agenda, a agenda 21, com uma série de disposições ligadas à ecologia e ao meio ambiente. Está prevista sua revisão em 2002, em Bonn, Alemanha. Essas linhas podem ser resumidas numa história verdadeira, que merece ser lida e depois refletida; melhor ainda, merece ser passada à frente, para as novas gerações. A história é a seguinte: ”Na França é costume que todo agricultor plante um pé de carvalho em sua propriedade. Sabem por quê? Porque alguém plantou para esse mesmo agricultor um pé de carvalho anos atrás!” Essa história é uma lição de vida para todos nós. É dessa forma que todos devemos agir. Faço hoje, preservo hoje, conservo hoje, para que meu filho, e meus netos tenham amanhã. Essa é a lição que o Brasil precisa aprender hoje, pois, caso contrário, amanhã ... Dr. Luiz Carlos Aceti Jr. – Advogado no Estado de São Paulo Pós-graduado em Direito das Empresas Especialista em Direito Empresarial e Ambiental Titular de Aceti Advogados – Assessoria e Consultoria Empresarial e Ambiental Dra. Mª Flávia C. Reis – Economiária e Advogada no Estado de São Paulo Pós-graduada em Direito das Empresas Especialista em Direito Empresarial Membro de Aceti Advogados – Assessoria e Consultoria Empresarial e Ambiental.